Plano Diretor de Porto Alegre: qual o caminho para revisão? Space Hunters no Conversas Cruzadas da Gaúcha ZH

12 de ago. de 2025

Francisco Zancan defende adensamento e combate à exclusão urbana no Conversas Cruzadas sobre o Plano Diretor de Porto Alegre

Na segunda-feira, 11 de agosto de 2025, o arquiteto urbanista e CEO da Space Hunters, Francisco Zancan, participou do programa Conversas Cruzadas, da Gaúcha ZH, para debater o tema “Plano Diretor de Porto Alegre: qual o caminho para revisão?”. O encontro, mediado por Léo Saballa Jr., reuniu ainda o vereador Jessé Sangalli (PL), relator-geral da revisão, a vereadora Juliana de Souza (PT) e a arquiteta Clarice Oliveira, copresidente do IAB-RS.

A proposta da prefeitura, que deve chegar à Câmara nas próximas semanas, prevê flexibilização de recuos, permissão para prédios de até 130 metros e incentivo ao adensamento em áreas com maior infraestrutura, como o Centro Histórico, o 4º Distrito e grandes eixos viários.

Acompanhe aqui os principais tópicos do programa ou veja-o na íntegra no link ao final!

O diagnóstico de Francisco: centros esvaziados e cidade cara

Zancan iniciou destacando que o fenômeno de esvaziamento das áreas centrais não é exclusivo de Porto Alegre — já foi observado por ele em cidades como Sorocaba, Jundiaí e Sinop.

Segundo ele, bairros centrais que deveriam ser naturalmente mais verticalizados perderam competitividade, enquanto a expansão para zonas periféricas aumenta os custos da cidade e sobrecarrega os serviços públicos.

“Temos um paradoxo: Porto Alegre encolhe em população, mas continua se espalhando. Isso significa mais gastos com infraestrutura e menos vitalidade nos bairros centrais.”

Adensar onde já há infraestrutura

Para Francisco, a proposta da prefeitura acerta ao tentar concentrar mais moradores nas áreas já estruturadas, recuperando parte da população perdida no centro e em bairros próximos. Ele citou que, mesmo sem aumentar muito as alturas, a redução de recuos pode trazer mais densidade, evitando o chamado “paliteiro” — prédios altos isolados por grandes afastamentos.

Ele também ressaltou que o aumento da impermeabilização do solo previsto é mínimo e que, ao contrário da percepção comum, a estratégia pode ajudar a frear a expansão urbana desordenada.

A exclusão causada pelo modelo atual

Um ponto central da fala de Zancan foi a expulsão gradual da população de menor renda para municípios vizinhos, como Cachoeirinha e Alvorada, ou para conjuntos Minha Casa Minha Vida em locais distantes e sem oportunidades.

“Nossa cidade é absurdamente excludente. Hoje, quem não consegue mais comprar ou alugar nos bairros que sempre viveu é empurrado para longe, para áreas sem transporte, sem emprego e mais vulneráveis a desastres.”

Na visão dele, permitir mais construções em zonas centrais não significa que a população de baixa renda vá ocupar imediatamente esses imóveis, mas impede que seja expulsa dos bairros intermediários onde já há serviços, escolas e transporte.

Sobre preços e mercado

Zancan também abordou a relação entre custo de construção e preço final dos imóveis. Ele argumentou que, num mercado com alta oferta e baixa demanda — como é o caso de Porto Alegre —, reduzir custos tende a reduzir preços. Comparou o valor do metro quadrado na capital gaúcha com cidades como Curitiba e Goiânia, onde a demanda maior mantém preços mais altos.

“Não existe mundo ideal, mas estamos indo na direção certa. Adensar nas áreas adequadas é melhor do que continuar espalhando a cidade e tornando-a cada vez mais cara de manter.”

A experiência global da Space Hunters

A atuação da Space Hunters, liderada por Francisco, reforça essa visão estratégica. A empresa já contribuiu com soluções urbanas em mais de 500 cidades de 18 países, atendendo tanto ao setor público — em contratos com prefeituras e órgãos governamentais — quanto ao setor privado, auxiliando varejistas, redes de restaurantes, prestadores de serviços, incorporadores e outros agentes econômicos. Em todos os casos, o foco é o mesmo: gerar inteligência territorial para tomar decisões baseadas em dados, otimizar o uso da infraestrutura existente e criar cidades mais vivas, inclusivas e economicamente sustentáveis.

Assista na íntegra o programa Conversas Cruzadas da Gaúcha ZH: